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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A um mês da prova, entenda como é calculada nota do exame


Em um mês, mais de oito milhões de pessoas em todo o Brasil farão as primeiras provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2014. Além dos últimos ajustes na preparação, familiarizar-se com as características da prova e com o método de correção é importante nesse período, indica Rayron Pinheiro, 22. Ele fez o último exame e hoje cursa o primeiro semestre de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Para que a pessoa possa se preparar para o Enem é primordial que entenda também a metodologia de correção da prova”, alerta o jovem.

A Teoria da Resposta ao Item (TRI) é o cálculo adotado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo exame, para elaborar a nota de cada candidato. Não é uma metodologia fácil de entender, comenta Rayron, “mas o método é simples”.

Resumidamente, o TRI calcula o resultado das provas de acordo com a dificuldade de cada item - há questões selecionadas como fáceis, médias e difíceis - e a coerência das respostas - para identificar se houve “chutes”.

Professor do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Dalton Francisco de Andrade explica que o método se mostra mais adequado para medir uma grandeza - no caso, o conhecimento em determinada disciplina - para a qual não existe uma ferramenta objetiva. Para isso, é necessário um questionário, como são as provas do Enem. O resultado, porém, não se detém apenas ao número de itens acertados.

“A teoria procura dar nota maior para as pessoas que tiveram maior acerto na lógica da medida que é colocada”. Ainda assim, ele alerta, o ideal é que os candidatos não deixem questões em branco - quanto mais acertos, maior a nota.

A lógica, o professor explica, é que a pessoa que faz a prova acerte as questões até o nível onde seu conhecimento vai. Por exemplo: se duas pessoas, na mesma prova, acertarem o mesmo número de questões, terá uma maior nota aquela que tiver solucionado as questões de nível mais parecido. Nesse caso, o resultado do concorrente que acertou questões de níveis destoantes será menor.

“Quem faz a prova vai acertando até o nível que domina. Depois daquilo, quando atinge o nível de proficiência, é esperado que erre”, aponta. “O TRI não valoriza tanto a nota das pessoas que erram questões fáceis e acertam questões difíceis. O esperado, nesse caso, é que, se ela errou o fácil, é porque está ‘chutando’ e fez esse acerto no difícil”, detalha. O método é elaborado através de probabilidades.

Um ponto positivo que o professor Andrade frisa é a possibilidade de, com a escala de valores de questões, níveis compatíveis serem atribuídos a provas com questões diferentes. Ele cita, por exemplo, as provas do Enem aplicadas em presídios no dia seguinte à realização do exame. “A TRI permite que você possa fazer várias provas no mesmo ano, com questões diferentes, e todas estarem na mesma escala (de dificuldade)”, comenta.

“A medida que a TRI dá é uma nota mais justa, que leva em conta o acerto e o erro”, define. O problema, ele diz, é que o método exige um conhecimento estatístico e matemático para ser compreendido. “Quando a pessoa sai da prova, ela não sabe exatamente qual é a nota dela baseado só no número de questões”.
(O Povo)

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