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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Soldados africanos trocaram ajuda humanitária por sexo, na Somália

Soldados da força da União Africana na Somália (Amisom), financiada, entre outros doadores internacionais, pela ONU, estupraram e trocaram ajuda humanitária por sexo em suas bases em Mogadíscio, denunciou nesta segunda-feira, 8, em um relatório a ONG Human Rights Watch (HRW).
"Os soldados da União Africana, servindo-se de intermediários somalis, utilizaram uma variedade de táticas, como ajuda humanitária, para obrigar mulheres e crianças vulneráveis a atividades sexuais", detalhou a HRW.
Segundo o relatório, "também estupraram e agrediram sexualmente mulheres que foram buscar ajuda médica ou água nas bases da Amisom".
"Algumas das mulheres estupradas disseram que os soldados deram comida e dinheiro depois em uma tentativa aparente de fazer o abuso se passar por uma transação sexual", segundo a mesma fonte.
A Amisom não reagiu até agora a estas acusações.
Esta força da União Africana conta com 22.000 soldados de seis nações (Uganda, Burundi, Quênia, Etiópia, Djibuti, Serra Leoa) e desde 2007 luta junto às tropas governamentais contra os insurgentes islamitas shebab, vinculados à Al-Qaeda.
Além da ONU, a União Europeia, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha são doadores da Amisom, entre outros.
As mulheres vítimas destes abusos se dirigiram a duas bases da Amisom em Mogadíscio depois de ter fugido, em sua maioria, da fome que em 2011 devastou as zonas rurais do país.
O relatório da HRW se baseia no testemunho de 21 mulheres e meninas, que disseram ter sido estupradas ou sofrido abusos sexuais por parte de soldados de Uganda ou Burundi desde 2013.
A menor delas, de 12 anos, indicou ter sido estuprada por um soldado ugandês.
O documento também cita o caso de uma mulher e uma adolescente de 15 anos, que foram respectivamente buscar comida e medicamentos em uma das bases, e que foram entregues aos soldados por meio de um intérprete somali.
A primeira aceitou manter relações sexuais e a segunda foi estuprada. Cada uma recebeu depois 10 dólares.
Estes fatos "provocam uma grande preocupação sobre os abusos de soldados da Amisom a mulheres e crianças e sugerem que existe um problema muito maior", alertou a HRW.
A ONG também interrogou outras 30 pessoas, entre observadores estrangeiros, soldados e autoridades dos países membros da Amisom.
(O Povo)

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